“Acredito que essa trajetória me fornece um ponto de vista incomum sobre as duas áreas e como elas interagem. Tenho opiniões fortes sobre esses assuntos e tenho certeza de que muitos discordarão de mim.”
Jamie Cowen
Um velho ditado é que não se deve falar sobre religião e política durante o jantar. Por quê? Porque se você quer manter relacionamentos, esses assuntos devem ser evitados. Hoje em dia, no entanto, eles são inevitáveis. E infelizmente o velho ditado parece verdadeiro. Para onde quer que eu olhe, relacionamentos de longa data estão se desgastando. Durante a campanha presidencial dos Estados Unidos em 2008, eu falei sobre religião e política com a congregação que liderava na época, Tikvat Israel, em Richmond, Virgínia, EUA. A comunhão estava se deteriorando por causa de opiniões fortemente acentuadas sobre os candidatos, especialmente Barak Obama. Procurei orientar sobre o assunto mostrando passagens bíblicas sobre a relação entre fé e política e fornecendo um breve panorama da história da política e da religião. Concluí a mensagem delineando o que eu acreditava ser formas de as duas interagirem de maneira saudável. Aquela mensagem serviu de base para o que quero compartilhar nesta pequena série de ensaios.
Eu cresci em um lar bem politizado em Washington, DC. Meu pai estava engajado na política desde que me lembro. Ele dirigiu inúmeras campanhas políticas, trabalhou na Câmara e no Senado dos EUA e mais tarde foi assistente adjunto do presidente Nixon. Ele me levou à posse do presidente Kennedy. Trabalhei com ele em várias campanhas e, no ensino médio, participei da Convenção Nacional do Partido Republicano. Nas férias de verão durante meus anos de ensino médio e faculdade, trabalhei em diversos escritórios do Congresso. Eu me envolvi com liderança estudantil na faculdade e, depois de concluir o curso de Direito, trabalhei no Congresso como consultor-chefe de um subcomitê do Senado dos EUA. Como advogado contratado pelo Congresso, ajudei a redigir leis, conduzi audiências e investiguei o Poder Executivo.
É engraçado – crescendo naquele ambiente, nunca percebi o quão incomuns minhas experiências eram. Os amigos da família eram quase todos políticos. A maioria deles era trabalhadora e inteligente. A religião, no entanto, nunca era discutida. Cresci em uma família judia secular. Pertencíamos a uma sinagoga onde eu frequentei a escola hebraica e fiz meu Bar Mitzvah, mas minha família não era religiosa. Entretanto, tudo mudou quando, durante meus anos de ensino médio, tornei-me um seguidor de Yeshua (Jesus), o Messias. A partir de então, a religião passou a ser um tema sensível em minha família, acarretando o meu afastamento deles por quase trinta anos. Contudo, os conflitos nada tinham a ver com a interação entre religião e política. Foi algo bem pessoal.
Aos 34 anos, mudei abruptamente de direção em minha vida – deixei o Congresso e a vida política para trás, fui para o seminário e acabei me tornando o rabino de uma congregação judaica messiânica em Richmond, Virgínia. Ali servi por mais de vinte anos. Embora acredite que minha experiência política tenha me ajudado no ministério, nunca misturei as duas coisas. A única palestra que dei sobre um tema político foi a que mencionei no primeiro parágrafo. No tempo em que congreguei no Tikvat, nunca me envolvi em nenhuma campanha política e nunca expressei minhas opiniões sobre qualquer candidato político. No entanto, encorajei os membros a votar.
Em 2011, minha esposa e eu nos mudamos para Israel. Não estou mais ativamente envolvido no ministério, embora ainda seja um seguidor de Yeshua e frequente uma congregação. Em vez de atuar no ministério, abri um escritório de advocacia com mais alguns colegas, e me filiei a um partido político em Israel, no qual estou participando ativamente. Escrevi essa introdução relativamente longa porque durante toda minha vida estive imerso em religião ou política ou nas duas. Acredito que essa trajetória me fornece um ponto de vista incomum sobre as duas áreas e como elas interagem. Tenho opiniões fortes sobre esses assuntos e tenho certeza de que muitos discordarão de mim. No entanto, espero que meus pensamentos provoquem muitos a pensar mais profundamente sobre esses assuntos e, usando uma frase popular, a “pensar fora da caixa”.